sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Radiohead no Brasil

Mr Guedes(s), Mr Martinelli e demais seguidores, como debut neste prestigioso blog, vou recapitular minhas experiências no show do Radiohead, que rolou em março de 2009.

Caros,

A despeito das tentativas muito eloqüentes de Mr. Guedes para me convencer a não ir ao Radiohead, fui.

Ainda estou sob efeito da viagem, mas posso dizer que está entre os melhores shows que já presenciei. Mesmo confessando não conhecer uns 70% do que eles tocaram. Tenho Pablo Honey, The Bends (meu preferido), OK Computer, Kid A e Hail to the Thief e, mesmo assim, não conhecia a maior parte das músicas. Talvez seja porque eu tenha uma dificuldade de entender o som e encaixar em alguma coisa conhecida. Eles são naturalmente desencaixados e mesmo assim já venderam muito disco.Mas eu estava só na minha ignorância porque o público cantou o show inteiro.

Antes de falar da música, há de se fazer um preâmbulo sobre palco. Simplesmente fantástico, com tubos luminosos gigantescos pendendo sobre a banda que simulavam texturas, chuva, velas e sei lá mais o que. Além disso, os telões mostravam ângulos completamente estranhos da banda: pés pisando em pedaleiras, microfones solitários nos quais uma cabeça surgia de quando em vez, braços de guitarra. Não era um telão para acompanhar o show caso você não tivesse boa visibilidade do palco. E falando em visibilidade, cheguei à conclusão que a geração que curte Radiohead é uns 10 cm maior do que a geração que ouve Stones, dada a dificuldade para enxergar o palco.

No quesito música, eles surpreendem muito. As músicas soam muito melhor ao vivo do que em estúdio. Os caras realmente tocam bem. Fiquei muito impressionado com a pegada do baixo e bateria, extremamente coesos e consistentes. Infelizmente fiquei muito longe do Jonny Greenwood, um dos esquisitões da banda, o cara que ganhou o Urso de Ouro pela trilha sonora do filme “Sangue Negro”. O cara consegue se divide entre a guitarra, de onde consegue passar de um solo fantástico e etéreo a um barulho infernal em segundos, e uma mesa e pedaleiras cheias de efeitos. No fim do show o cara sampleou a própria banda e fez algo como um remix, ali, sentado no chão do palco. Ele é o cara que realmente consegue dar forma para o som da banda, consegue transformar as viagens e os miados de Thom em algo musicável.

O vocalista, líder e vencedor por vários anos seguidos do título de vocalista mais estranho do mundo, Thom Yorke, fez o que se esperava dele. Foi esquisito prá cacete! Cantou sofrido, fez caretas, ajoelhou-se para agradecer a platéia brasileira e tocou pulando pelo palco. Mas também conseguiu criar climas fantásticos, trazer interpretações novas para músicas já manjadas. É realmente impressionante ver em determinados momentos 30.000 pessoas em silêncio reverente, de boca aberta, marmanjos chorando... Mas fiquei com a impressão que o cara se acha o melhor do mundo. Ou melhor, ele não se acha, ele tem certeza!

Grandes momentos – “Paranoid Android”, “Karma Police” (30.000 pessoas embevecidas cantando “I lost myself” como se a melancolia fosse a coisa mais bonita do mundo), “Fake Plastic Trees” e, é claro “Creep”.

Kraftwerk valeu pelo lado antropológico. Chato prá cacete, música dançante feita prá dormir. Ok (computer), eu não gosto de música de computador mesmo!

Acho que é isso.

Abraço a todos.

André (23/mar/2009)

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