RHANA ABREU
CANECÃO RJ, 30 de julho de 2010
GGF sempre disse que iria tocar no palco do Canecão (RJ) quando fizesse 50 anos.
Sua idéia era contratar uma Banda - os Titãs, ou talvez o Skank - para o show principal. E ele com amigos faria um show secundário, de abertura. Convidaria outros amigos para cantar. Há anos me perguntou o que eu cantaria no Canecão em seus 50 anos, o que me fez pensar: Cheap Trick? The Cars? Golden Earring? Mas até parece que eu não o conheço...
Há males que vêm para o bem. GGF quase quebrou a perna jogando futebol, e precisou operar o joelho. Inerte na cama, optou por aprender a tocar decentemente a guitarra que já arranhava. E o fez por intermédio da obra e graça de RHANA ABREU e sua Banda. Quando ficou bom (da perna, não na guitarra) foi convidado a tocar alive on stage aqui e ali, uma vez ou outra, em uma ou outra música, só para sentir o gostinho. Mas ele gostou do gostinho e foi fundo no Business. Começou a empresariar a Banda e a se dedicar mais às aulas. Assumiu o posto de guitarra base. A Banda foi crescendo, e ele junto. Open airs. Lançamento de CD. Programa do Jô. Troca de formação. Acústicos. Até que, no mês de seu cinqüentenário... um convite para tocar no Canecão!
Na condição de fotógrafo amador, ganhei backstage pass com acesso a camarins e Palco. E pude presenciar na totalidade um evento marcante para quem tem Rock nas veias e sinapses. As entrevistas com Rhana e Banda nos camarins. Os músicos dando os últimos retoques em seus instrumentos no palco, por trás da cortinas fechadas, eu lá, ouvindo o ruído da audiência de mais de mil pessoas do outro lado do pano. Rhana convoca todos para orar. Concentração... anunciação... e o show começa. Estou no palco, minha alma não cheira a talco, estou concentrado nas fotos e pouco consigo acompanhar o show, o foco é só no visual. Mas dá para perceber o amadurecimento de GGF na guitarra e de Rhana como frontwoman. A única vez que os havia visto fora 1 ano antes em um open-air em Cambuquira tumultuado por bêbados que desfilavam na boca do palco e pediam aos gritos:
- "Toca Raul!"
- "Toca Zé Ramalho!"
- "Toca Pink Floyd!"
Como vivemos em um País onde os direitos de poucos se sobrepõem aos de muitos (e assim 200 pés-rapados conseguem interromper o trânsito na Via Dutra, ou então 200 pés-rapados conseguem bloquear a Avenida Paulista, e assim por diante) os 8 bêbados conseguiram tumultuar um puta show ao ar livre. Mas não hoje: por mais que esteja concentrado nas fotos não consigo conter o entusiasmo nas versões ARRASADORAS de "Ovelha Negra", "Ideologia" e "Que País é Este", durante o set 'Homenagem'. É curioso: estas versões destas músicas são muito superiores às originais, e também àquelas feitas por outros intérpretes, o que me leva a concluir que NÃO É a qualidade das versões que faz o sucesso de uma Banda...
Após o show volto aos camarins do Canecão, que estão em festa. Belas e decotadas Sereias, muitos músicos, amigos e penetras. Pai & Mãe de Cazuza estão lá, e recebem uma procissão de fãs e admiradores do poeta que foi meu porta-voz, e pelo visto de muita gente; algo como Maria e José recebendo caravanas de fiéis após a morte de seu Filho. Me juntei às conversas, contei coisas que tinha visto Cazuza fazer ao vivo nos mais de 30 shows dele que vi, e ouvi ótimas histórias também.
Às 3 da manhã estou conversando com o filho de Rhana no palco vazio do Canecão deserto. Às 4 estou com GGF na Pizzaria Guanabara no Baixo Leblon. Ele sempre falou que iria tocar no Canecão quando fizesse 50 anos. E sempre falou também de um outro plano ainda mais audacioso e estratosférico, que não tenho dúvidas que vai se realizar. Quando isto ocorrer, aqui será registrado.
Provavelmente quando ele fizer 60 anos...
(ago/2010)
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